quarta-feira, 16 de julho de 2014

O AMOR DÁ SENTIDO PLENO À VIDA

Há épocas do ano em que somos convidados a refletir com mais intensidade sobre o amor, que não pode se restringir à especulação do mercado. É muito mais, porque é um sentimento profundo, que dignifica e enobrece a pessoa humana.
O amor faz parte da essência da pessoa e só existe situado, marcado por situações.
Não se ama genericamente, amamos rostos concretos, pessoas com nome, com história.
O amor é universal, é para todos, embora com preferências que não impedem de amar os outros, porque dinâmico e permanente. “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês”Jo15,12.
Jesus amou a todo mundo, mas não foi conivente com poderosos, injustos e exploradores dos pobres e pequenos, a esses acusou duramente. Cultivou amizades com seus discípulos e discípulas, como Lázaro, as irmãs dele, Maria Madalena e outras mulheres. Essas amizades nunca o amarraram, mas ajudaram-no a viver com maior intensidade a missão que havia recebido do Pai.
E é somente pelo caminho do amor que poderemos chegar ao absoluto de nossa vida, o amor pleno, que só Deus nos oferece e é capaz de saciar nossa sede de entrega, de doação.
O amor é indissolúvel, perdoa e pede perdão, pois se expressa na caminhada onde podemos cair, tropeçar, pegar caminhos errados. Pedir perdão é reconhecer fragilidades, erros, desvios; é sinal de grandeza humana. O perdão ressuscita, renova, purifica, enche de esperança, de energias novas.

O amor não é uma qualidade restrita ao âmbito individual; é uma exigência nas relações sociais entre pessoas e grupos, e nas relações internacionais. Sem amor nunca haverá paz, solidariedade e justiça.
Os males estão presentes em todas as categorias sociais, pobres e ricas. As relações sociais embruteceram-se. “A terra tornou-se um lugar perigoso de se viver, não só por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer” (Albert Einstein). O perigo da omissão, do não querer ver, é grande e grave: “O que mais me espanta não é tanto a violência dos malvados e sim o silêncio dos honestos” (Martin Luther King).
A família é o espaço onde se aprende e se dá amor, onde se experimenta a amizade verdadeira e saudável, onde se exercita a liberdade respeitosa e se aprende a partilha, a solidariedade, abrindo-se a todos, levando à prática da fraternidade, Como escola de vida, a família nunca é possessiva, nunca domina as pessoas; nunca as torna dependentes. A amizade transforma o amor em serviço, em vista de um bem superior.
O recado do lava-pés que Jesus deu na última ceia é este: ser servos uns dos outros. Quem ama, serve Mt 20,20-27.“Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor” Jo 15,9.
Jesus amava as pessoas visando a realização plena, à redenção, à salvação. O amor de Jesus animava, resgatava esperança, acordava energia, incomodava, questionava.
Jesus encarou o amor como missão que liberta, que quebra as correntes, que dá a vista aos cegos e ouvidos aos surdos.
Jesus não forçava ninguém a segui-lo: “Vocês também querem ir embora?” O amor  deixa sempre as pessoas decidirem livremente, nunca impõe.
Para criar novas relações sociais e econômicas, é necessário sonhar e trabalhar: “Para além, muito além dos egoísmos individuais, dos egoísmos de classe, dos egoísmos nacionais, é preciso abraçar, sorrir, trabalhar” (D. Helder Câmara).
Quais os sinais positivos que conhecemos? As cooperativas comunitárias, os voluntários presentes gratuitamente no mundo do trabalho, o empenho de uns poucos, são sinais da vida escondida, gritando por amor, por paz, por gestos solidários. Onde estou eu? Onde estamos nós, pessoas comprometidas com Jesus e com seu Evangelho?
Ir. M. Lúcia Câmara  SSD   (Orientadora Espiritual—Gr. 03)